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Amor, ausência e Paris, no Texas

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 Li algures que nunca alguém será tão amado quanto será lamentada a sua ausência. Pensei no filme "Paris, Texas" como exemplo disso. Não revi o filme para dizer isto. Parece-me, do que me lembro, que a pessoa amada, Natassja Kinski, é vítima de um ciúme horrendo que nos diz que mesmo enquanto se amam a ausência se pode tornar insuportável e maior do que a própria fruição do amor. A ausência dela para ele é insuportável e leva-o a uma vida de indigência. No final do filme, percebe que o problema sempre foi a maneira dele de amar e retira-se da equação. Parece que o tempo que passou a deambular pelo deserto, como o vemos no início do filme, serviram-lhe para essa revelação.  Mas se a ausência é maior do que a presença, é sobretudo porque temos memória da presença. É sempre a presença, é sempre o corpo, é sempre a imanência. E é engraçado como a memória nos serve, de como ela se torna carne, porque mesmo que já não nos lembremos de nada do que nos faz sofrer, sofremos já indepen

Hitchcock e Lynch

O que é que têm Alfred Hitchcock e David Lynch em comum? Ambos se debruçam sobre o horror. Pegando neste filme de Hitchcock em vídeo representado, North by Northwest, e no filme Blue Velvet, de David Lynch, ambos falam de uma aparente normalidade visitada pela bizarria para depois nos devolverem uma nova normalidade. Mas no caso de Hitchcock, nunca essa bizarria vence sobre as suas personagens, pois elas saem sempre mais fortes. E há uma ideia que prevalece nos filmes de Hitchcock, a ideia de que o amor dá um sentido à vida, e que quando ela parece ter menos sentido, o amor aparece como apaziguador e reconfigurador da vida. Em Lynch, a normalidade é devastada pelo grotesco e nunca mais volta a ser a mesma. Em Blue Velvet, o mal vence. E não é por acaso que no fim do filme, vemos um pássaro a comer um insecto e nos é dada a ideia de que a vida é bela também por isso. Como se a bizarria fizesse parte do belo, ou o Diabo tivesse alguma coisa a dizer sobre o bem. Mas não. O belo é o oposto

Todo um Século

  Há qualquer coisa neste filme que nos diz que, sim, as pessoas regressam ao estado infantil quando mais velhas e que é por isso que as crianças tanto as amam, porque encontram nelas um par, no entanto adulto. Geraldine Page lembra-me a minha avó Teresa, neste filme. Não consigo pôr o dedo em quê. É como que a sentir viva, olhando para Geraldine. Todos os avós são evocados, neste filme. Todo um século de tempo se evolou, avó, com o teu desaparecimento. Todo um século. Tudo agora é tão estupidamente moderno.

Declaração de Intenções

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"A BELEZA SALVARÁ O MUNDO" Fiódor Dostoiévski, em  O Idiota