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Vertigo (de Alfred Hitchcock) e M.

Revi este filme há uns anos na esplanada da Cinemateca. Uns idiotas riam-se, achavam a música piegas, tudo piegas. Irritou-me solenemente. Não entender a fragilidade da personagem central deste filme é não perceber a nossa própria fragilidade. E não perceber isto é não perceber nada. Um homem apaixona-se. Um homem perde em circunstâncias tenebrosas a amada. O homem tem uma segunda oportunidade. E desta vez ela morre de facto. Quantas vezes numa vida podemos renascer de situações destas? Poucas. Acontece-lhe um milagre. E depois o milagre é-lhe sonegado. É a maior das tragédias. E a música, que aqueles idiotas acharam piegas, é, para aqueles que acompanham a história de facto, apenas as notas do sentimento desbragado, do que tem de invisível, do que roda no coração, do que se irradia quando estamos apaixonados.  Hitchcock não era um homem romântico. Se havia coisa que ele queria era ter para si as actrizes todas que passaram pelos filmes dele, se há coisa que se vê nos filmes dele é iss

Quadra para acompanhar ramo de flores

São para ti, meu amor Flores do meu jardim Que te levem toda a dor De estares longe de mim

Texto perdido

  O sorriso dela é de criança, do que a criança tem de puro, de bom. A vida tirou-lhe a facilidade em o mostrar. Mas não lhe tirou o sorriso. De criança. Às vezes, pergunta alguma coisa também cheia de ingenuidade. De criança. E apetece-me a mim ser criança também e responder com aquele peito cheio, de quem sabe. Mas como uma criança. Pelo meio tornamo-nos adultos e esquecemo-nos de confiar cegamente. Quero dar-lhe a mão e ser o primeiro namorado dela. O primeiro. E único.

Quadra para ela

     Toma esta flor      Que há-de morrer     Como eu de amor     Se não te puder ter

Elliott Smith - Somebody that I used to know

I had tender feelings that you made hard But it's your heart, not mine, that's scarred So when i go home, i'll be happy to go You're just somebody that i used to know You don't need my help anymore It's all now to you, there ain't no before Now that you're big enough to run your own show You're just somebody that i used to know I watched you deal in a dying day And throw a living past away So you can be sure that you're in control You're just somebody that i used to know I know you don't think you did me wrong And i can't stay this mad for long Keeping a hold on what you just let go You're just somebody that I used to know  

Melhor É Impossível

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Catarina pede um elogio depois de Tiago a ofender brutalmente. Tiago promete um elogio, mas não sem antes pedir dois pregos e duas imperiais.    TIAGO Mal passados? CATARINA Pode ser. TIAGO  (grita) Mal passados CATARINA Tenho tanto medo que vás dizer mais coisas horríveis. TIAGO Não sejas pessimista. Não é o teu estilo. Aqui vai...  Eu tenho esta... quê? Condição... E o meu terapeuta - um psicólogo - que costumo ver... ele diz que na minha situação arriscares para te sentires vivo ajuda. Eu odeio arriscar. Odeio mesmo. É uma coisa perigosa, arriscar. Nota que estou a usar a palavra odiar. E o meu elogio, a ti, Catarina Trindade, é que desde que te conheço que, bem,  mal durmo, ando às voltas na cama, não tenho sossego, não como, tudo por tua culpa... CATARINA  (confusa) Não percebo qual é o elogio... TIAGO Tu fazes-me querer estar vivo.     Catarina fica embevecida. EMPREGADO DE MESA Olhós preguinhos, um para a senhora e um para o senhor!                                E duas imperiai

Esplendor na Relva

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    O filme chama-se Splendor In The Grass.        É estranho, mas tenho tão pouco a dizer, parece, sobre este magnífico filme. É tão bonito. É importante dizer que ter pouca coisa a dizer sobre este filme diz muito sobre mim e pouco sobre o filme. O filme poderia gerar as mais belas homenagens, mas quando eu estou perante o imensamente belo, a melhor forma que encontro de o respeitar é ficar mudo e contemplar. Dado que não posso mostrá-lo e que a ideia aqui é emular o filme em palavras, vou tentar o meu melhor para que, pelo menos, tenham a curiosidade de ir ver o filme, sendo que aí o filme fará o seu trabalho e vos arrebatará, tenho a certeza.     Não posso falar sobre as minudências do filme. Mas posso dizer que é sobre um rapaz e uma rapariga a caminho de se tornarem homem e mulher. Que nunca vi amor tão puro, tão genuíno como o que eles sentem um pelo outro. Que nós amamos Deanie, mas nunca ousamos sequer querer tirar o lugar a Bud, porque ela é dele e ele é dela. Não tomamos as