Olivia de Havilland

    O filme é o The Heiress (A Herdeira). É a preto e branco e é tão preto e tão branco. A protagonista é tão inocente numa primeira parte e tão amargurada numa outra. Mas mesmo muito inocente e mesmo muito amargurada. Conseguem imaginar isto? O vosso filho, neto mais inocente tornado amargurado? A vossa amiga de adolescência mais inocente? Tornada amargurada? Só os grandes vilipêndios provocam isto. Só as grandes tragédias.



    A pessoa que quero evocar é a Olivia de Havilland, que morreu no ano passado, aos 104 anos. Que nesse filme batalha pelos inocentes e pelos amargurados. Pelos caídos em desgraça. E ela fá-lo com tanta nobreza. Com tanto amor por eles. E é por isso que durante todo o filme só a queremos ver. Não porque no filme ela é inocente, não porque no filme ela é amargurada. Só a queremos ver porque ela é a pessoa que está para além daquela história, porque ela é quem, através daquele meio, traz dignidade ao que é ser humano. E daí vem o amor pelos actores e actrizes. Porque há qualquer coisa de suspensão da ilusão, mas é através da ilusão que nos é transmitida uma pessoa aparentemente oculta. 
    É por estas pessoas que queremos acreditar existir um céu. Um céu de nuvens onde o que foi pessoa exista agora numa eterna felicidade, nunca conseguida completamente em terra.    
    Que descanse em paz.
    



Comentários

Enviar um comentário

Não é preciso dar e-mail. O comentador pode ser anónimo.

Mensagens populares deste blogue

Os pássaros e os velhotes

Zorba, O Grego