Olivia De Havilland Novamente
Se A Herdeira é um filme brilhante, que dizer de A Minha História (Hold Back
the Dawn)?
Mais uma vez são assunto os inocentes e os injuriados.
Explicar porque gosto deste filme é um pouco como explicar
uma memória de grande afecto nossa. De um momento em que amámos. Por mais razão
que se ponha na explicação, não é com ela que vamos lá. O afecto é indizível. E
eu sinto um afecto incomensurável pela memória que tenho da Emmy Brown.
A Emmy Brown está
apaixonada. A Emmy Brown só se quer casar. A Emmy Brown foi enganada a isso.
E pelo meio, o facínora (o actor Charles Boyer) enobrece-se. Pelo meio, alguém muda. Alguém muda. Com o tempo, as pessoas vão-se conhecendo. Com o tempo, pouco mudam. Tornam-se resistentes à mudança. Mas há quem seja areia de praia e não rochedo. Há quem nunca se defina. Quem fique no limbo e ninguém os conhece verdadeiramente. Nem eles a si próprios. Por isso, muitos dizem que as pessoas não mudam. Mas mudam se abrirem constantemente a porta à mudança, quando se a mantém aberta, não se a fecha à chave, vá lá alguém entrar sabe-se lá a que momento e levar-nos daquela sala que nós somos.
E a Emmy Brown leva-o dessa sala e leva-o para aquele final de filme típico que prolonga o filme interminavelmente e que não precisa de ser visto, nem escrito: E viveram felizes para sempre.
Nós sabemos que sim. Que amores assim são para sempre.
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