Noite-Dia


     Hoje, numa noite-dia, em que a temperatura da lua parece a do sol, em que a escuridão parece um ventre, os insectos estão mortos e encolhidos sobre o seu corpo à porta da minha janela, e parecem, porque mo lembraram, peixes à porta do mar que vêm a terra morrer. 

    Não entendo, onde em mim, onde tão facilmente se encaixa esta comparação, dos peixes com aqueloutros - mosquitos, moscas, e outros ainda, estes animais abstractos inimagináveis por Deus, só possíveis porque tão demasiadamente reais.

    Tão mais misterioso é para mim que acho que a comparação é em tudo mais exacta do que imagino e em quase tudo uma igualdade: nisto, simultaneamente, mais incompreensível, porque se embarco no sentido que tem, logo o perco, e se me afasto, mais me aproximo.

  É do sentimento que estou perto, em nada penso. 

   


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