Uma Ameixoeira de Flor Branca
Ser conservador ou ser coisa alguma.
Ser da casa ou ser da rua.
Ser daqui ou de lado nenhum.
Escolho
decididamente
a ignorância de não querer saber
mais do que o que floriu no meu quintal.
Escolho
decididamente
ser pela aparente fixação do olhar
do que aspirar a absorver a impermanência.
Quero dizer
aos que fogem
que a prisão das suas casas
continua em qualquer lado.
Quero dizer
aos que fogem
que a cela de portas abertas
precisa de ser destruída.
E nisto tudo
há uma tristeza permanente
à porta da minha casa
porque ninguém fugiu
ninguém destruiu
e dizem-me
que encontraram agora
chão de betão armado
onde vi florir ainda há pouco
uma ameixoeira de fruto amarelo.
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